Sensibilizou-me muitíssimo que a Capela da Matriz das Lajes, na Missa Solene da Festa de Nossa Senhora de Lurdes, tivesse homenageado o Mestre e Professor Manuel Emílio Porto, entoando algumas partituras da sua autoria e terminando com o “Oh Santíssima”.
Não pude assistir a essa missa solene como tem acontecido de há muitos anos a esta parte, mesmo depois de ter deixado de residir permanentemente nas Lajes – a Terra que me viu nascer – mas compromissos também de índole coral-religiosa na Matriz de São Roque, tal não o permitiu. Assim, eis senão, quando venho a descer a Estrada Transversal, com a “telefonia” sintonizada na Radio Montanha que estava transmitindo a missa solene da Festa de Nª. Sª. de Lurdes, que ouço o Sr. Padre João da Ponte, pároco da Matriz das Lajes, anunciar que a Capela da Matriz, naquele dia especialíssimo, havia homenageado o saudoso Maestro e Professor Manuel Emílio Porto, interpretando diversos cânticos da sua autoria.
Se há dias referi neste espaço do jornal O Dever que as regatas eram um dos símbolos desta Festa, hoje também quero, noutra vertente, realçar o que foi e é a parte primordial do canto religioso nas festividades: novenas e missas solenizadas que esta Festa integra ao longo da sua preparação e celebração solene.
A Capela é fundamental e o Mestre da Capela é figura-chave, todos bem o sabemos.
Em menino comprazia-me a ouvir, nas novenas e missas solenes, os instrumentos: minha mãe no violino e o Sr. Chico Castro no orgão (depois a Dª. Maria dos Santos), no Coreto da Igreja de S. Francisco (hoje desaparecido), com meu pai na regência. Era no tempo dos cânticos em Latim, antes do Concílio Vaticano II. No post-Concílio, com os cânticos em português, atravessou-se um “deserto”, mas logo foi recuperada a qualidade coral e musical da Capela com a entrada para Mestre do saudoso Prof. Emílio Porto que por ali emprestou o seu saber e paciência ao longo de cerca de três décadas à Capela da Matriz, dignificando sobremaneira as festas religiosas da Senhora de Lurdes, até que uma triste incompatibilidade com o pároco de então, nem para aqui interessa citar quem, o levou a deixar essa nobre função…
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Há sempre alguém que continua o que os nossos avoengos nos legaram e então surgiu a Professora Olga Avila Pacheco, até então organista da Capela, que mete ombros à difícil missão de continuar com a Capela da Matriz. Consegue-o com tal qualidade - a que não é alheia a sensibilidade musical da distinta organista Helena Maria Ávila - que hoje já poucos se recordarão dos outros tempos e dos outros Mestres, mas também lhe deve ser creditada a digna posição que tomou, quando o tal pároco deixou as Lajes e logo a Professora Olga voltou a “oferecer” a batuta da Capela ao Prof. Emílio Porto que, com igual dignidade já não a aceitou porque, disse-me ele, o cargo estava muito bem entregue… e está.
Emocionei-me quando, integrando o Grupo Coral das Lajes do Pico que ele fundou e dirigiu durante 29 anos, entoámos domingo passado antes do Sermão da Pesqueira a Avé Maria dos Baleeiros, agora sob a direção musical do Professor Hildeberto Peixoto, mas como acima já referi, emocionei-me muito mais quando ouvi na Radio Montanha que a Capela das Lajes homenageara na Missa Solene de Lurdes, aquele que durante anos e anos havia também sido seu Mestre, porque foi um gesto nobilíssimo que muito e muito enobrece quem dele teve a iniciativa - louvável iniciativa.
Parabéns à Capela da Matriz das Lajes na pessoa da sua Mestrina Olga Ávila Pacheco.
Até sempre, amigo Sr. Professor Manuel Emílio Porto.
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